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Uma reflexão sobre cabelos

24/07/14

Esse é um post muito especial e que estou feliz demais em poder publicar aqui no Dia de Beauté. Quando estava em São Paulo em junho, encontrei uma amiga muito querida e de longa data que está lutando contra um câncer de mama. Ficamos conversando um tempão, ela me disse coisas tão interessantes sobre sua relação com o cabelo, como foi raspar a cabeça, coisas que ela descobriu quando fez isso. Claro que um tratamento de câncer envolve milhões de coisas, muitas delas tão absurdamente mais sérias que um simples cabelo, mas por outro lado somos mulheres e é quase impossível ignorar a importância desse “detalhe”.

Fiquei emocionada com o relato dela – e orgulhosa e cheia de admiração por essa força incrível – e pedi para que compartilhasse aqui escrevendo um texto. Obrigada querida Cã Pestana! Você é uma inspiração. Espero que gostem:

“Raspei o cabelo, sem dó nem piedade. Raspei o cabelo e continuo me achando bonita, talvez mais bonita. Raspei o cabelo porque estou enfrentando o câncer de mama. É difícil mulher ter coragem de raspar o cabelo; assim, do nada – às vezes até homem tem medo. Mas eu tive que passar a máquina e me surpreendi, me renovei. Conheci minha cabeça, meu olhar, meus traços, minha alma forte, minha feminilidade – que vai além de uma mecha loira ou um topete jogado pra trás. Achei que fosse fugir do espelho; como assim ficar careca? Careca para mulher só quando a gente nasce…Está fora de cogitação não ter cabelo, nem passa pela nossa cabeça. Nem passava pela minha cabeça. Mas nem passava pela minha cabeça pensar que um dia eu teria que vencer o câncer – e assim tão de repente, com apenas 28 anos nas costas.

Mas quando a vida engrandece, o cabelo vira só um monte de pelo na cabeça e você não depende mais dele para ser você. Não depende dele para se olhar no espelho e continuar se gostando e não depende dele para que aqueles que te amam, continuem te amando. Hoje, pra mim, meu cabelo virou um adereço. “Meu cabelo”, quer dizer, minha peruca, é como um brinco, que eu coloco quando quero e tiro quando quero. Tem dias que acordo com vontade de colocar um cabelo qualquer apenas para sair pelas ruas e não ter que explicar nada para ninguém – não ter que ver olhos de preocupação (porque sim, essa doença ainda pesa pra muita gente, mas às vezes aqueles que a tem, percebem que suas vidas são mais leves do que pareciam). Outros dias escolho um cabelo mais comprido, às vezes apenas um lenço, outras noites, um gorrinho pra escapar do frio. E outros dias, nada. No banho, claro, nada – e com direito a uma nova sensação de chuveirada direto na cabeça, juro isso é uma delícia!

É, eu tive que raspar o cabelo por uma sublime causa (minha vida) e hoje me amo mais. Mas sabe, acho que todo mundo deveria um dia raspar o cabelo. Não só os homens… Mulheres, a gente se surpreende e se desapega de tanta coisa… Mulheres, a gente se sente livre! Um dia, se tiverem coragem, experimentem. Se não for para passar uma máquina, passar uma nova tesoura já faz bem. Sim, eu também gosto de cabelos (não vou negar!) mas somos muito mais do que isto, com certeza.”

Camila Pestana

A Cã em 4 momentos! Linda

Aproveito o tema para compartilhar uma história incrível que li no blog Ricota não Derrete, sobre um tatuador que se especializou em redesenhar aréolas de mulheres que passaram por uma mastectomia – vale a pena ler.

E também para re-lembrar do projeto lindo da Flavia Flores, do Quimioterapia e Beleza

Comentários

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120 replies on “Uma reflexão sobre cabelos”

Vic, parabéns pela iniciativa do post! E Camila, um texto desses serve para nos lembrarmos quão pequenos nossos problemas são, tu tem muita garra, menina! Gostei muito!

Parabéns pelo texto e, Camila, muita força e coragem pra vc!! A peteca pode até cair, mas saiba rebatê-la e arremassá-la pra alto novamente e sempre!!
acredito q temos de nos amar e respeitar na pureza do que somos, in natura, c aquela carinha de “acabei de acordar”….tudo q vier a mais é adereço e, claro, deve ser usado a nosso favor, com moderação
É ótimo ouvir comentários como este numa sociedade em q o artificial e a perfeição fake são da hora do dia. Definitivamente, valorizamos o q não tem valor e nem merece tanta atenção assim ( me incluo neste grupo!!). Ter cabelos lindos e brilhantes e sedosos é ótimo, mas não tê-los não deve ser motivo de sofrimento. Um corpo saudável é bacana….com certeza, mas submeter-se a dietas loucas e overtrain é meio estranho….não reconhecer-se sem maquiagem também o é!!

Super concordo Lais!!
Me incluo no grupo das vaidosas, que adora batom, cabelos e se sentir bonita. Afinal quem não gosta? Mas realmente isso tem que ser uma curtição, uma forma de se amar mais e não de se esconder e ter vergonha de mostrar como você é ou está (no meu caso careca rs) ao mundo ;) Bjão

Que post iluminado! É tão bom ler um relato assim, demonstra toda a força e determinação que muitas vezes só percebemos que temos quando passamos por situações como esta. Me faz perceber como dou importância a coisas tão pequenas quando, como a Camila disse, somos muito mais do que isto!

Obrigada Ju! Não é sempre que nos deparamos com situações difíceis como esta que estou vivendo. Mais quis transmitir um pouco para vocês (maioria vivendo com saúde, Graças a Deus) que as vezes, na correria do dia a dia, é fácil esquecemos certas coisas profundas tbm – e eu me incluo nisso. Bjos querida

Ei Camila e Vic! Tb tive câncer de mama e estou na fase final do tratamento. A minha experiência com o cabelo foi exatamente como a sua, Camila. Sabe que foi a época em que fiquei mais vaidosa!? Tb foi quando me interessei ainda mais pelos tutoriais de make da Vic. O nome desse tatuador é Vinnie Myers e o studio dele fica em Baltimore. Terei o privilégio de tatuar a minha mama com ele em outubro! Bjos e parabéns pelo lindo depoimento, Camila! Vic, acho que tenho quase idade p ser sua mãe…rsrsrsrs Acho vc uma menina sábia e do bem! Beijo no seu coração!

Oi Monica, que bom que vc já se recuperou!
Eu tbm amo os vídeos da Vic, amo as dicas de batom (rs) e sempre estou com os lábios coloridos (mesmo que esteja de gorrinho ou lenço rsrs). Bjocas!

Lindo texto! Vou ficar muito pensativa hoje! Adoro ler essas historias reais, sem perceber acabamos parando alguns minutos e refletindo sobre a vida…

Linda, o importante é ter saude fisica e mental , ser e não ter, sucesse para você :-)

Que post emocionante! Amei! Parabéns Vic por tratar aqui de um tema delicado e Camila que vc continue forte para enfrentar os desafios de frente, força!

Texto belíssimo!! Confesso que não estou na melhor fase da minha vida e estas palavras foram incríveis! Me fez parar para refletir.
A coragem e a forma como a Camila demonstrou estar lidando com a situação é extremamente admirável. Leio o blog desde 2010/2011 e é a primeira vez que comento. Aproveito para acrescentar mais uma “vírgula” ao texto. Minha mãe teve câncer de mama em 2003. Até então, sempre tinha usado o cabelo na altura do ombro, às vezes um pouco abaixo. Era o cabelo dela! Raspou a cabeça durante o tratamento e usa cabelo joãozinho até hoje! Completamente apaixonada! Às vezes precisamos experimentar alguma coisa abaixo da força para descobrir do que realmente gostamos!

Obrigada Vithoria!!! Que bacana sua mãe ter vencido e ainda se renovado, até hoje!
Bjsss

Oi Camila,
Muito legal seu texto!!! Eu não tenho câncer, mas passei por um estresse muito grande, meus cabelos foram caindo aos poucos, até que resolvi raspar…hoje uso peruca e tento me concentrar todos os dias que sou mto mais interessante que meu cabelo, mas também sei que as pessoas são super preconceituosas e não é fácil ter que dar explicações o tempo todo. Desde então, passei a me arrumar mais, me maquiar…. E nisso a Vic está me ajudando bastante! Camila, parabéns pela sua forca e pela sua coragem de dividir isso. Vc é linda! Bjos

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